A Bélgica e a Primeira Guerra Mundial
Primeiro post para quem procura por um guia completo com história da Bélgica na Primeira Guerra Mundial, com dicas de cidades, museus e outros pontos históricos importantes que podem ser visitados.
Como já comentei anteriormente, a Bélgica é um prato cheio para quem gosta de turismo, não somente cervejeiro, mas também gastronômico, cultural e histórico. Que o digam os famosos Flanders Fields, palco das batalhas mais sangrentas da Primeira Guerra Mundial. E que ficam logo ali, menos de 2h de carro de Bruxelas.
Nós visitamos a região no final de julho do ano passado, mas retornamos há poucos dias e o fascínio continua. Por isso resolvi iniciar uma série de posts para quem tem interesse em visitar uma importante região histórica da Bélgica, bem como uma das mais turísticas.
Serão 4 posts: este primeiro com um resumo bem modesto do que aconteceu em Flanders Fields durante a Grande Guerra; outro sobre Ypres (Ieper) e Flanders Fields, atividades e pontos de visita relacionados com a Primeira Guerra; e o terceiro, sobre Diksmuide e pontos de interesse histórico nos arredores da cidade.
A Bélgica e a Primeira Guerra Mundial
Há quem afirme que uma Guerra Mundial só começa quando a Alemanha invade a Bélgica. Para alguns isso pode parecer uma piada de mau gosto, mas o histórico de uma região por muitos disputada deixou não somente heranças culturais, mas também feridas que jamais cicatrizarão.
Digo isso porque é visitando a região dos Campos de Flanders, e seu impressionante In Flanders Fields Museum em Ypres que hoje se pode ter uma noção do absurdo, do horror que foi a Primeira Guerra Mundial.
Um pouco de história da Grande Guerra
Entre os anos de 1914 e 1918, a região dos Campos de Flanders, noroeste da Bélgica, foi cenário para alguns dos mais importantes confrontos da Primeira Guerra Mundial. Mais de um milhão de soldados, vindos de mais de 50 países foram feridos, desaparecidos ou mortos em combate em Flanders. Algumas cidades foram inteiramente destruídas, principalmente Ypres e Passchendaele.
O exército alemão invadiu a Bélgica por Leuk (Liége) no dia 14 de agosto de 1914, exigindo que o Rei Albert I desse passagem livre para atravessar o país e atacar a França – o que foi recusado pelo rei dos belgas. As tropas alemãs seguiram avançando lentamente, enfrentando resistência do que eles achavam ser civis (e nada mais eram do que a Guarda Civil, apenas com uniformes incompletos). Como represália, civis foram executados pelo exército alemão em Dinant, Aarschot e Leuven.
A primeira grande batalha em Ypres começou em 19 de outubro de 1914 e terminou em 22 de novembro do mesmo ano. O exercito belga, sob o comando do Rei Albert I (que atuava na linha de frente de confronto), ordenou, entre outras estratégias, a inundação da planície do rio Yser, pela abertura deliberada das eclusas em Veurne-Ambacht, Nieuwpoort. Isso impediu o avanço das tropas alemãs por um certo período. O inverno severo foi o responsável por uma pausa nas hostilidades.
A segunda grande batalha de Ypres foi de 22 de abril à 25 de maio de 1915. Começou com um ataque surpresa do exército alemão, onde pela primeira vez foi usado gás cloro, que devastou as tropas aliadas matando milhares de soldados em questão de segundos. Muitos ficaram cegos, mas mesmo assim o exército alemão não conseguiu avançar. Por conta disso, reduziram a cidade de Ypres a escombros, através de bombardeios constantes. Nesta altura da Primeira Guerra Mundial, ambos os lados já faziam uso de gases venenosos como armas de destruição em massa.
A terceira batalha de Ypres foi de 31 de julho à 10 de novembro de 1917. Começou com uma grande ofensiva Britânica, detonando 19 minas nas linhas alemãs na região de Messines, uma das cidades vizinhas a Ypres. Nesse período de chuvas intensas assolaram a região, mas não impediram a batalha de Passchendaele, que resultou em mais de 400 mil mortos, feridos e outras baixas do lado Britânico.
Em abril de 1918, o Exército Alemão realizou uma ofensiva que recuperou os territórios perdidos na Bélgica durante a terceira batalha de Ypres. Naquele momento, as reservas alemãs haviam sido esgotadas e os americanos estavam começando a chegar na frente ocidental em grande número. De 28 de setembro até o Armistício em 11 de novembro, uma série de ofensivas aliadas empurrou os alemães de volta para o rio Scheldt.
No sábado, 28 setembro de 1918, o exército belga atacou a fortaleza de Houthulst Forest (Batalha de Houthulst Forest). Quase todas as unidades belgas estavam envolvidas no ataque, que foi apoiado pelo Exército Britânico e um número de divisões francesas. Até o final do primeiro dia os belgas tinham conseguido capturar as linhas alemãs em uma frente que era de 18 quilômetros de largura e 6 quilômetros de profundidade.
O Armistício em 11 de Novembro de 1918
No início de novembro um armistício foi assinado num vagão de trem perto da cidade francesa de Compiègne. A Primeira Guerra Mundial, finalmente chegou ao fim, às 11 horas da manhã de 11 de novembro de 1918.
A todo, a Grande Guerra deixou aproximadamente 9 milhões de mortos, entre civis e militares, e mais de 30 milhões de feridos. Após a guerra, a maioria dos refugiados voltaram para casa, ruínas foram removidas e os campos de batalha foram limpos. As casas antigas e monumentos foram gradualmente reconstruídos nos Campos de Flandres, um por um. O Nieuwerck – um anexo ao Cloth Hall, em Yeper, agora utilizado como parte da câmara municipal – só foi concluído em 1967.
Continua no próximo post: Ypres e Flanders Fields
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